A Chevrolet acaba de elevar o patamar do Corvette. O novo ZR1X 2026 representa o ápice da oitava geração (C8) e é, sem exagero, o Corvette mais potente e avançado já produzido. Com 1.250 cv combinando motor a combustão e propulsão elétrica, o modelo entra de vez no território dos hipercarros — mas mantendo uma proposta mais acessível que seus concorrentes europeus.


Um nome com legado
A história por trás do nome “Zora” ajuda a entender o espírito por trás do projeto. Zora Arkus-Duntov, frequentemente chamado de “pai do Corvette”, foi o engenheiro responsável por transformar o modelo, ainda nos anos 1950, de um roadster estiloso em um verdadeiro esportivo. Foi dele a decisão de instalar um motor V8 no Corvette original em 1955 — um marco para a linha.
Apaixonado por automobilismo, Zora foi o responsável pelo programa Grand Sport, que levou o Corvette C2 às pistas, e foi um dos primeiros a defender a adoção do motor central na linha. Sua visão se concretizou décadas depois, com o Corvette C8, lançado em 2020.

Desempenho de hipercarro
O ZR1X é uma evolução direta do ZR1, modelo que já impressionava com 1.064 cv. O novo carro adiciona um motor elétrico no eixo dianteiro, derivado do sistema híbrido do Corvette E-Ray. Esse motor oferece 186 cv adicionais, elevando o total para 1.250 cv e torque imediato nas quatro rodas — uma configuração que garante tração integral e desempenho impressionante.
Segundo estimativas, o modelo acelera de 0 a 100 km/h em menos de dois segundos e cumpre o quarto de milha em menos de nove segundos, atingindo velocidades superiores a 240 km/h. Com esses números, ele entra na mesma categoria de desempenho de modelos como o Ferrari SF90 e o McLaren P1 — mas com preço estimado abaixo dos US$ 250 mil, uma fração do valor cobrado por esses concorrentes.


Tecnologia híbrida refinada
O sistema híbrido do ZR1X mantém a base do E-Ray, mas com aprimoramentos importantes. A eletrônica de controle foi reprogramada, os rolamentos foram reforçados, e a estrutura foi ajustada para lidar com o torque extra. A bateria continua com 1,9 kWh, sendo 1,5 kWh utilizáveis. O conjunto adiciona cerca de 113 kg ao carro, levando o peso total para cerca de 1.860 kg.
Para equilibrar potência e controle, o modelo adota freios de carbono da Alcon, com discos de 420 mm nas quatro rodas, acompanhados de pinças de 10 pistões na dianteira e 6 na traseira. Esse sistema também estará disponível no pacote ZTK, nos ZR1 convencionais a partir de 2026.
Pensado para a pista
O ZR1X traz dois modos de condução voltados ao uso em autódromos:
- Endurance Mode: preserva parte da carga da bateria para sessões de pista mais longas
- Qualifying Mode: libera potência máxima para uma ou duas voltas rápidas
Ambos contam com o sistema “push-to-pass”, que aciona o motor elétrico com força total enquanto o botão (o mesmo do controle de cruzeiro) estiver pressionado.

Conectividade e controle
Como parte da atualização da linha Corvette para 2026, o ZR1X traz novo painel de instrumentos e sistema multimídia redesenhado. O modelo também estreia o modo PTM Pro, um ajuste mais preciso do sistema de gerenciamento de tração e estabilidade. Esse modo permite ao motorista escolher entre diferentes níveis de intervenção eletrônica — incluindo uma configuração totalmente livre, ideal para pilotos experientes.
Mesmo no modo com assistência mínima, alguns sistemas permanecem ativos, como a vetorização de torque pelo freio regenerativo no eixo dianteiro e o controle de frenagem nas saídas de curva.
E o Brasil?
Apesar de toda a empolgação, não há confirmação oficial de que o Corvette ZR1X será vendido no Brasil. Hoje, o único modelo da linha Corvette oferecido oficialmente pela Chevrolet por aqui é o Stingray C8, com motor central V8 aspirado — e mesmo assim em volumes bastante limitados, com preço acima de R$ 1,2 milhão.
A chegada do ZR1X esbarra em alguns fatores:
- Custo elevado de importação, que pode mais que dobrar o valor original do carro nos EUA;
- Limitações de homologação, especialmente para modelos híbridos de altíssimo desempenho;
- E a política da própria GM, que costuma priorizar o mercado norte-americano para modelos de nicho como este.
Ainda assim, nada impede que algumas unidades cheguem ao país via importação independente, como já aconteceu com versões anteriores do Z06 e do próprio ZR1. Nesse caso, o preço deve ultrapassar facilmente os R$ 3 milhões, dependendo do câmbio, impostos e configurações.
Para os entusiastas brasileiros, resta acompanhar de longe (ou muito de perto, no caso de colecionadores dispostos a investir alto) o que promete ser um marco na história do Corvette. O ZR1X não é só o ápice da geração C8 — é, talvez, o mais próximo que o icônico esportivo americano chegou dos hipercarros europeus.
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