Desde o lançamento da 812 Competizione, venho acompanhando com um misto de expectativa e frustração o que a Ferrari tem feito com seus novos modelos. Como alguém que cresceu apaixonado pela história da marca, me dói dizer: a Ferrari parece ter perdido a mão. E a nova “Testarossa” é o exemplo mais claro disso.
O que era uma Testarossa
A Testarossa dos anos 80 e 90 era um ícone. O som do V12 boxer, aquele ruído metálico subindo de giro, o design marcante com as aletas laterais, os faróis escamoteáveis… Era impossível ignorar uma Testarossa passando na rua.
Larga, baixa, com proporções que desafiavam o design automotivo na época e mesmo assim equilibrada.

O que é essa nova “Testarossa”?
O que temos em 2025 é, basicamente, um Frankenstein. Pegaram o farol da F80, a saída de escapamento da 458 Speciale, enfiaram um powertrain híbrido que já existe (aquele V8 biturbo com os três motores elétricos) e decidiram dar o nome de Testarossa como se isso bastasse.
O som? Desapareceu. A nova passa na rua como se fosse um carro elétrico genérico de luxo. Cadê o ronco do V12? Agora, o que se ouve é um assobio de turbo seguido de um silêncio frio. Parece mais um motor de motoca com turbo do que a alma da Ferrari.




Design: Uma verdadeira afronta
O design é, sinceramente, uma afronta à herança da marca. Desde a 812 Competizione, a Ferrari começou com essa mania de grelhas frontais esquisitas — formas sem identidade, faróis genéricos, traseiras copiadas de outros modelos. No caso da nova Testarossa, perderam a chance perfeita de lançar uma edição limitada com motor V12, inspirada no visual retrô do modelo original, como fez a Lamborghini com a Countach LPI 800-4.
Mas não. A Ferrari preferiu copiar e colar peças de modelos existentes, colocar uma ficha técnica monstruosa pra disfarçar, e colar um nome lendário no capô como se isso fosse suficiente.
Performance não é tudo
A nova tem mais de 1.000 cavalos, é mais rápida, mais leve, mais tecnológica, faz 0 a 100 em menos de 2,3 segundos. Mas tudo isso é fácil hoje em dia. Uma Tesla Plaid também faz isso. Um Rimac também. O que torna uma Ferrari especial não é só a performance — é a emoção mecânica, o barulho do motor, o envolvimento com o carro.
A Testarossa clássica, com seus “míseros” 390 cv, dava mais sensação de velocidade, de barulho, de risco — de estar pilotando algo verdadeiramente selvagem. E fazia isso com elegância e estilo únicos.
Conclusão
Chamar esse novo carro de “Testarossa” foi um erro. A Ferrari teve a chance de prestar uma homenagem digna a um de seus maiores ícones, mas optou por uma colagem de componentes já usados, sem identidade visual, sem o coração V12, sem o som, sem a alma.
Talvez para o público novo, que olha ficha técnica antes de ouvir o motor, a nova Testarossa seja suficiente. Mas pra quem cresceu apaixonado pelos clássicos… essa “nova” é uma decepção.
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